Mãe faz 'vaquinha' online para pagar tratamento de doença que causa feridas na pele da filha de 10 anos; caso é grave

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A dona de casa Janete do Vale, de 33 anos, moradora do bairro da Boca do Rio, em Salvador, resolveu criar uma "vaquinha" na internet para ajudar a custear o tratamento da filha de 10 anos, que tem uma doença inflamatória grave na pele. Com dez dias de campanha, Janete arrecadou R$ 1.205, até esta sexta-feira (29).

O valor total do tratamento, no entanto, está bem longe disso. Janete precisa arrecadar cerca de R$ 5 mil reais, para que Letícia possa fazer pelo menos 30 sessões de fototerapia. A fototerapia é baseada na interação da irradiação da luz na pele.

Letícia foi diagnosticada com dermatite atópica crônica há sete anos. O quadro de sáude dela se agravou no ano passado. "Minha filha convive com a dermatite desde os três anos. Ela foi diagnosticada com dermatite atópica crônica, mas hoje o estado dela evoluiu para grave", explica Janete.

Desde o diagnóstico, a menina faz tratamento com medicamentos, como antibióticos e corticóides. Segundo Janete, a dermatite de Letícia tem tratamentos paliativos, mas não tem cura. Nos últimos três meses, ela desenvolveu um quadro infeccioso e tem febres constantes e por isso, Letícia precisou parar de frequentar a escola.

"Desde pequena, ela nunca ficou sem tomar remédios. Nos últimos anos, as crises evoluíram e ela passou a ter também problemas respiratórios, mas a gente sempre conseguia contornar. No ano passado, a crise agravou e ela passou a ter feridas em todo o corpo. Minha filha sobrevive à base de medicação", conta a mãe de Letícia.

Ferimentos

Na última crise, em junho, Letícia desenvolveu feridas dos pés à cabeça, conforme relata a mãe. A garota precisou cortar os cabelos, por conta dos machucados na pele e couro cabeludo.

"A última receita foi a de um antibiótico fortíssimo, mas o corpo dela não respondeu. A dermatologista, então, nos indicou a fototerapia para tentar recuperar a pele. Além disso, ela vai usar uma medicação à base de ciclosporina por um ano, para tentar controlar as crises", conta Janete.

O remédio indicado para a garota custa em torno de R$ 500, a caixa com 50 comprimidos, de acordo com a mãe. A família não tem condições de bancar o tratamento sem ajuda, o que levou Janete a criar a vaquinha.

"Ela fez alguns exames pelo SUS, mas ainda há outros que a gente não conseguiu fazer. Os resultados só saem dia 12 de novembro e, enquanto isso, ela piora. Quando ela tem crises de febre em casa, a gente tem medo de levar para uma UPA [Unidade de Pronto Atendimento], porque ela pode contrair uma infecção nos ferimentos", ponderou Janete.

Desde que a menina recebeu o diagnóstico, a família já gastou cerca de R$ 20 mil reais. Só de junho a setembro deste mês, quando a saúde piorou, Janete conta que mais de R$ 5 mil reais foram gastos em remédios.

Além dos machucados, o preconceito foi uma das coisas que levou Letícia a parar de frequentar a escola. A mãe conta que, por causa dos olhares e comentários maldosos que recebe, a menina tenta esconder as feridas com calça e casaco, o que piora a condição da pele.

"Por ser uma doença pouco conhecida, muitas vezes ela sofre preconceiro. Isso nos magoa, é triste ver minha filha como o psicológico abalado. Já temos solicitações de médicas diferentes para que ela passe a ser acompanhada por um psicólogo. Só estamos aguardando vaga. Minha filha fala em morrer, diz que não quer viver com isso. Isso é duro, ela é uma criança de dez anos", desabafa.
[G1BA]

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